sábado, 14 de agosto de 2010

A Assunção da Virgem Maria


"O papel de Maria em relação à Igreja é inseparável da sua união com Cristo e decorre dela directamente. «Esta associação de Maria com o Filho na obra da salvação, manifesta-se desde a concepção virginal de Cristo até à sua morte». Mas é particularmente manifesta na hora da sua paixão:
«A Bem-aventurada Virgem avançou na peregrinação de fé, e manteve fielmente a sua união com o Filho até à Cruz, junto da qual esteve de pé, não sem um desígnio divino; padeceu acerbamente com o seu Filho único e associou-se com coração de mãe ao seu sacrifício, consentindo amorosamente na imolação da vítima que d' Ela nascera; e, por fim, foi dada por mãe ao discípulo pelo próprio Jesus Cristo, agonizante na Cruz, com estas palavras: "Mulher, eis aí o teu filho" (Jo 19, 26-27)».
Depois da Ascensão do seu Filho, Maria «assistiu com suas orações aos começos da Igreja». E, reunida com os Apóstolos e algumas mulheres, vemos «Maria implorando com as suas orações o dom daquele Espírito, que já na Anunciação a cobrira com a Sua sombra». «Finalmente, a Virgem Imaculada, preservada imune de toda a mancha da culpa original, terminado o curso da vida terrena, foi elevada ao céu em corpo e alma e exaltada pelo Senhor como rainha, para assim se conformar mais plenamente com o seu Filho, Senhor dos senhores e vencedor do pecado e da morte» (529). A Assunção da santíssima Virgem é uma singular participação na ressurreição do seu Filho e uma antecipação da ressurreição dos outros cristãos: «No teu parto guardaste a virgindade e na tua dormição não abandonaste o mundo, ó Mãe de Deus: alcançaste a fonte da vida. Tu que concebeste o Deus vivo e que, pelas tuas orações, hás-de livrar as nossas almas da morte» (Hino Ortodoxo)." Catecismo da Igreja Católica

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

A sombra de S. Pedro

"Entretanto, pela intervenção dos Apóstolos, faziam-se muitos milagres (sinais) e prodígios no meio do povo. Reuniam-se todos no Pórtico de Salomão e, dos restantes, ninguém se atrevia a juntar-se a eles, mas o povo não cessava de os enaltecer. Sempre em maior número, juntavam-se, em massa, homens e mulheres, acreditando no Senhor, a tal ponto que traziam os doentes para as ruas e colocavam-nos em enxergas e catres, a fim de que, à passagem de Pedro, ao menos a sua sombra cobrisse alguns deles. A multidão vinha também das cidades próximas de Jerusalém, transportando enfermos e atormentados por espíritos malignos, e todos eram curados."  (Actos dos Apóstolos 5, 12-16). "Milagres e prodígios era a expressão usada no Antigo Testamento para indicar as intervenções de Deus em favor do Seu povo. Nos Evangelhos são nos descritos os milagres e prodigios de Jesus como revelação da Sua Divindade - Ele e o Pai, sendo distintos, são com o Espírito Santo um só Deus e iguais entre si. Jesus promete aos Seus: "Em verdade, em verdade vos digo: quem crê em mim também fará as obras que Eu realizo; e fará obras maiores do que estas, porque Eu vou para o Pai, e o que pedirdes em meu nome Eu o farei, de modo que, no Filho, se manifeste a glória do Pai. Se me pedirdes alguma coisa em meu nome, Eu o farei.»" (S. João 14, 12). Como se verifica pela citação dos Actos dos Apóstolos Jesus através deles começa a realizar as obras maiores, pelo poder do Seu Espírito, o Espírito Santo. Assim se manifesta a união entre Jesus Cristo e a Sua Igreja. Essa união não é igual mas sim semelhante àquela que existe entre as Pessoas da Santíssima Trindade - Pai, Filho e Espírito Santo. No entanto, trata-se de uma união real, objectiva, ontológica e não somente subjectiva e existencial. A primazia que Jesus Cristo concedeu a S. Pedro é reconhecida pela multidão que deseja que ao menos a sua sombra "toque" os enfermos para que estes sejam curados. Como só Deus pode operar milagres o facto de estes se realizarem através dos Apótolos significa que Deus está com eles. Esta atenção aos doentes  por parte de Jesus Cristo e dos Seus, da Sua Igreja, irá transformar os usos e costumes que eram então muito cruéis para com os pobres, os débeis, os enfermos e os inválidos." Frei Nuno Allen

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

A Tempestade Acalmada

"Depois (Jesus) subiu para o barco e os discípulos seguiram-no. Levantou-se, então, no mar, uma tempestade tão violenta, que as ondas cobriam o barco; entretanto, Jesus dormia. Aproximando-se dele, os discípulos despertaram-no, dizendo-lhe: «Senhor, salva-nos, que perecemos!» Disse-lhes Ele: «Porque temeis, homens de pouca fé?» Então, levantando-se, falou imperiosamente aos ventos e ao mar, e sobreveio uma grande calma. Os homens, admirados, diziam: «Quem é este, a quem até o vento e o mar obedecem?»" (S. Mateus 8, 23-27) "Jesus Cristo imperando sobre os elementos revela-Se como o Deus Criador e Omnipotente, e sossegando a fúria do mar símbolo, naquele tempo, das forças malignas revela-Se como o Messias Redentor, capaz de nos livrar do poder do Maligno. O Seu dormir, por outro lado, revela a sua verdadeira humanidade. A barca simboliza a Igreja que através dos séculos é muitas vezes perseguida a ponto de parecer naufragar. Essas provações transformam-se numa ocasião de os cristãos reconhecerem a sua impotência e finitude, colocando assim toda a sua confiança no Único que nos pode salvar - Jesus Cristo. Deste modo a salvação da Igreja é também um sinal e instrumento da salvação do naufrágio da humanidade.Também a nossa alma, o nosso interior, pode padecer grandes tormentas em virtude das circunstâncias várias da vida, mas todas elas se acalmam e resolvem na Cruz de Cristo, na Qual encontramos a força e a paz da Sua Ressurreição." Frei Nuno Allen

domingo, 8 de agosto de 2010

A Imaculada Conceição Franciscana

"Sempre que a imagem da Imaculada Conceição (Nossa Senhora concebida sem a mancha do pecado original) é representada com o Menino ao colo segurando a Cruz com a qual esmaga o Maligno, representado na serpente, estamos perante uma figuração da Espiritualidade franciscana. A Virgem Maria, como a imagem ilustra, espezinha satanás cooperando desse modo com o Seu Filho, em virtude da Graça que Ele lhe concedeu, na nossa Redenção. A Cruz com que Jesus vence o Diabo tem duas hastes transversais, sendo nos dias que correm conhecida pela Cruz de Lorena. O seu significado, no entanto, remonta à Igreja dos primeiros séculos ou, melhor, à própria Paixão de Cristo. De facto a haste horizontal menor está a significar o letreiro que Pilatos mandou que se colocasse na Cruz com a inscrição INRI - Jesus Nazareno Rei dos Judeus. As relíquias da Cruz verdadeira eram assinaladas com esta cruz de Lorena para as autenticar. A afirmação de que a Mãe de Deus humanado foi concebida sem pecado original não nega de nenhum modo a Verdade de Fé da Redenção Universal operada por Jesus Cristo. Antes afirma que a Virgem Mãe foi Redimida de um modo mais excelente, e eminente. De facto, a Redenção pode operar por dois modos, a saber, por libertação e por antecipação. Ao libertar, resgata aquele que contraiu o pecado original e/ou actual; ao antecipar, preserva, por uma Graça mais excelente, aquele que cairia ou contrairia o pecado. A Virgem, Mãe de Deus e nossa Mãe foi redimida pelos méritos futuros da Paixão de Seu Divino Filho que retroagiram ao momento da sua concepção, sendo assim preservada da contaminação. No livro do Génesis (3, 15) , no chamado proto-Evangelho, Deus tinha anunciado o que este azulejo mostra: "Farei reinar a inimizade entre ti e a mulher, entre a tua descendência e a dela. Esta esmagar-te-á a cabeça e tu tentarás mordê-la no calcanhar." A descendência da mulher Eva é a Virgem Maria, a descendência da Mulher - Nossa Senhora - é Jesus Cristo. Este é a Descendência que derrota Satanás em virtude de ser o Deus Filho nascido da Virgem Mãe." Frei Nuno Allen